segunda-feira, 15 de junho de 2020

Tágides

Imagem por Pixabay

As tágides são as ninfas do rio Tejo (em latim, Tagus) a quem Camões pede inspiração para compor a sua obra Os Lusíadas. São uma adaptação das nereidas da mitologia greco-romana, as ninfas que vivem nos mares e nos rios. (e na obra, estas eram as musas que inspiravam o autor para relatar os feitos grandiosos "nunca antes vistos", ou seja, os feitos dos "filhos dos lusitanos" (referindo-se assim aos feitos dos portugueses). Estas habitam no rio Tejo que desagua em Lisboa, Portugal. A palavra foi criada por André de Resende, numa anotação ao seu poema Vicentius (1545). O poema sobre a morte de D. Beatriz de Sabóia, em que André de Resende teria usado pela primeira vez o vocábulo Tágides, perdeu-se ou desconhece-se o seu paradeiro.

No seu poema épico Os Lusíadas, Camões roga-lhes que, como musas, o inspirem e que o ajudem a cantar (Dai-me uma fúria grande e sonorosa... de tuba canora) os feitos do povo português. Podemos observá-lo no Canto I, nas estrofes 4 e 5 (no quadro ao lado) apelidadas de Invocação.


Fonte:

domingo, 14 de junho de 2020

Marimanta

Imagem por http://pt.gde-fon.com/
No Folclore Português, existe uma espécie de ninfa, conhecida como Marimanta ou Maria Da Manta, que também se apresenta como Maria Da Grade. Este ser tem cornos na cabeça e lume nos olhos. Habita rios, lagos e poços. Ela atrai crianças e jovens que se aproximam de suas águas e os afoga. Há uma antiga canção de ninar sobre ela:

    "Maria da manta
    tem os boches na garganta
    Tem lume nos olhos
    E lenha nos cornos
    Tem leite nas tetelioilas
    Corre montes e vales
    E pés de altares
    E mata meninos aos pares".
Também há a Maria Gancha, que tem os braços em forma de gancho e vive nos fundos dos poços e afoga qualquer um que ouse se aproximar de suas águas.

Fonte:
 

quinta-feira, 28 de maio de 2020

Relatos com ninfas

Imagem por Pixabay
Boa noite, queridos leitores. Nesse post, reuni alguns relatos de ninfas que alguns de vocês nos enviaram. Quero agradecer a todos pelo carinho e confiança. Sei que 2020 está sendo um ano muito difícil para todos, mas não podemos perder a fé em uma força maior, e não importa no que vocês acreditam ou não, sempre serão bem vindos nesse espaço, e espero, sinceramente, que se sintam um pouco melhores com nossos posts e que esse momento não o desestimule a continuar com sua caminhada espiritual. Chegaremos ao caminho da cura e da liberdade, não importa o quanto isso demore.
          Sei que já fiz muita besteira no passado e, mesmo que as pessoas que feri, não acreditem, me arrependo das coisas que disse e fiz. Às vezes, coisas ruins tem de acontecer para que possamos perceber o valor de uma vida, de uma caminhada ao ar livre, e mesmo, de uma rotina entediante. Não se deixem dominar pela tristeza e o desânimo. Vivam um dia de cada vez e tentem não se cobrar tanto. Ninguém é perfeito. Não se menosprezem por serem quem são. Deus te fez como fez, não para que você sofresse, mas para que fosse forte. Só o fato de você ainda estar vivo, já prova isso, que você é mais forte do que pensa. Não desista da vida! Você ainda vai provar o seu valor ao mundo.
               Bem, agora, deixo vocês com os relatos.



Relato 1



Me chamo Luis, sou de Dourados - MS, e tenho 17 anos. Minha mãe tem algumas plantas, arbustos, na verdade, e eu decidi tentar contatar as ninfas, fazendo um dos rituais do blog, Deleite Das Ninfas. Confesso que inicialmente, estava cético, até que senti uma energia quente e vibrante vindo de um dos arbustos. Tive uma visualização onde vi uma velhinha e ela sorriu para mim e me disse: "Você precisa acreditar mais no sobrenatural porque tem o dom, sim, você é especial, mas tem medo desde pequeno". Me arrepiei. Ela sumiu da minha mente. Fiquei pensando nas palavras dela e me lembrei que quando eu era pequeno e brincava em uma praça perto de casa, tinha um amigo, indígena, mais ou menos da minha idade. Não lembro o nome dele por mais que eu tente. Mas, ele era muito legal. Toda vez que eu meu pai ia me buscar e me chamava do portão - a praça era cercada por telas e tinha um portão, o portão nunca ficava realmente trancado, e acho que as telas eram mais para as crianças não irem para as ruas - e eu corria até ele e tentava apresentar meu amigo, eu me virava e ele não estava mais lá. Pensava que ele se escondia atrás do escorregador ou em uma das árvores, já, que era tímido, mas meu pai não parecia pensar o mesmo, ele me encarava muito sério e falava "vamos para casa, está tarde". Poderia esse amigo ser imaginário ou um tipo de elemental? Eu mudei de casa depois de alguns meses, então, nunca mais tive contato com meu amigo. Nunca mais vi nada de sobrenatural, mas estou estudando o máximo que posso, porque quero ir a fundo nisso, descobrir se realmente tenho o dom ou tudo não passou de imaginação minha.

(respondido por Perséfone por email)


Relato 2

(respondido por email por Giovanna Lynn)

Oi, eu sou a Samantha, tenho 22 anos e sou de Campo Belo - MG. Eu pratico magia já a algum tempo, mas não é nada demais a ponto de eu me considerar uma bruxa. Dizem que ser uma bruxa é viver em harmonia com a natureza e enxergar a magia nas coisas mais simples durante o dia a dia. Não consigo ser assim. Ainda mantenho um pé aqui e outro lá. Desculpem a sinceridade. Tenho muito respeito por quem abraça a magia sem medo e sem ceticismo, mas, ainda não estou certa se é isso o que desejo para mim. Tenho observado muitos relatos e percebi que certas portas são perigosas demais para serem abertas. Ter a chave das mesmas não garante que será o suficiente para fechá-las. Ainda assim, eu me arrisquei com um dos elementais que acho que é mais fácil lidar, as ninfas. Fiquei desapontada quando fiz o feitiço de contatação porque não vi nem senti nada. Nenhum sonho estanho nem nada... Até que uma manhã eu sonhei que estava parada embaixo de uma árvore  do outro lado da rua, em frente ao colégio onde todas as tardes vou buscar meu sobrinho, que mora ao lado da minha casa. Meu irmão e minha cunhada trabalham, então, só podem levá-lo. Como eu trabalho de manhã, fica mais fácil, buscá-lo à tarde, e no meu sonho, obviamente, era tarde. O céu estava fechado e ventava muito. As ruas estavam desertas e era estranho porque justamente naquele horário, era para estar cheio de carros estacionados dois lados, e pessoas indo e vindo, mas eu parecia ser a única, e estava mais preocupada em terminar meu cigarro e voltar logo para a casa com meu sobrinho antes do pé d'água cair.
              Fumei uns quatro cigarros e mesmo a lixeira estando a poucos metros de mim, joguei as bitucas no chão sem me importar. Eu estava dominada por uma melancolia profunda e só queria voltar para a casa logo, mas nem o maldito sinal tocava nem a inspetora abria os portões do colégio. Tomei um susto quando uma voz feminina e suave me disse "tem uma lixeira logo ali, sabia?". Me virei e vi uma mulher parada ao meu lado. Ela devia ter mais ou menos a minha idade. Era muito branca, quase pálida, e tinha cabelos loiros, longos e, mesmo, eles estando bagunçados pelo vento, continuavam lindos. Seus olhos eram de um castanho muito bonito e me prenderam por um instante, até ela desviar o olhar. Ela usava um vestido branco, à altura dos joelhos, soltinho.
            Dei de ombros e respondi "estou sendo pensando no pessoal que varre as ruas, é o trabalho deles, se todos fossem certinhos e jogassem o lixo no lixo, eles não teriam emprego".
              A mulher riu e disse "eu sei, mas você sabe quantos anos tem essa árvore".
             Olhei para a árvore e dei de ombros outra vez.
              "Ninguém realmente se importa, mas deveriam", ela disse, parecendo chateada, mas, ainda mantendo seu sorriso, "pode parecer, mas nada está à toa em um canto, tudo tem um papel a desempenhar no universo, mesmo essa árvore velha e insignificante, devia ter mais consideração por ela".
              Senti um arrepio e ri. A mulher deixou de sorrir e me encarou muito séria. Fiquei com medo dela, pensei que fosse uma hippie maluca, e me apressei em atravessar a rua. Enquanto eu atravessava, ouvi o sinal do colégio tocando e as crianças comemorando. Cruzei a rua e quando me virei, vi aquela mulher encarando o próprio braço e me assustei ao perceber que eles estavam marcados por queimaduras de cigarros. Ela olhou para mim e eu despertei.
              No dia seguinte quando fui buscar meu sobrinho, me aproximei da árvore do meu sonho e encostei nas marcas que eu havia deixado no tronco quando apaguei meus cigarros e sussurrei "sinto muito". Nunca mais fumei ali, e uma vez quando meu sobrinho jogou um papel de bala próximo a essa árvore, eu o fiz pegar o papel e o jogar na lixeira, dizendo a ele, o mesmo que aquela mulher, que acredito ser uma ninfa, me disse, que tudo tem seu papel a desempenhar no universo, mesmo aquela árvore velha, e que ele deveria ter mais consideração por ela. Até hoje, essas palavras me tocam profundamente. Queria compartilhar isso com vocês e pedirem para refletirem sobre essas palavras.


Relato 3

(respondido por email por Lily Melville)

Me chamo Márcia, sou de Rio Brilhante, MS, tenho quinze anos. Sempre acreditei em fadas, elfos e ninfas, especialmente ninfas. O quintal de minha casa, tem muitas árvores e eu gosto de me sentar entre elas para desenhar. Sou uma grande fã de A Dança Das Fadas e Deleite Das Ninfas. Fiquei um pouco triste quando soube que a Niele deixou o blog, pensei que seria o fim, mas, então, outras bruxinhas lindas assumiram e eu me consolei.
              Fiz alguns feitiços para contatar fadas e elfos, e não me decepcionei. Pretendo contar com foram em outra oportunidade, se permitirem. Enfim, esse relato é para contar a minha experiência com as ninfas. Eu fiz certinho como vocês ensinaram para agradar as ninfas e até deixei um desenho para elas, enrolado em formato de pergaminho, preso em uma fita verde, amarrado em um dos galhos da árvore. Na mesma noite em que deixei o desenho, tive um sonho com elas. Eu estava no jardim e elas estavam de mãos dadas, dançando em volta da árvore onde deixei o desenho. Elas era muito lindas, cada uma, com um tom de pele diferente, mas todas tinham cabelos longos e negros, e usavam vestidos longos e verdes. Elas riam e cantavam. Eu observei elas, emocionada, e disse que sabia que elas eram reais. Elas pararam de dançar e se aproximaram de mim, me cercando. Não fiquei com medo. Só conseguia sentir alegria. Elas pegaram minhas mãos e me levaram até a árvore, me fazendo se sentar em círculo com elas. Uma delas, que era a mais velha e, também, a mais bonita, me disse que eu era uma garota maravilhosa, linda, muito linda, por dentro e por fora, que as pessoas percebiam isso e tentavam me falar, mas eu não acreditava, que me sentia feia e triste, mas eu não deveria me sentir assim. Eu chorei. Era exatamente assim que eu me sentia. Uma delas me abraçou, e outra segurou minha mão.
                 "Não, você não é assim", a líder delas me disse, sorrindo com tanta doçura, que mais parecia um anjo, e não uma ninfa. "Você tem que entender que pessoas como você, com toda essa luz que você carrega dentro de si, são muito incompreendidas pelo mundo e, às vezes, por si mesmas, mas você não pertence a esse mundo, só está aqui de passagem, você sente falta do seu verdadeiro lar e natural, mas tem de ser forte, esse mundo tem algo para te ensinar".
                   "O que seria? Porque eu não vejo sentido em continuar aqui", eu respondi.
                  Ela demorou para responder, mas quando falou, suas palavras me atingiram em cheio e, até hoje, não me esqueço delas: "Só os mais fortes entre nós escolhem deixar o conforto da luz e vir para cá, infelizmente, nem mesmo eles resistem e, desejando voltar para a luz, acabam se entregando para a escuridão, mas não se pode voltar para a luz através da escuridão, é preciso superar a dor e o medo e sua própria pele, se preciso, para oferecer algo bonito a esse mundo, e só, então, você poderá retornar ao seu lar".
              Eu entendi que ela estava falando sobre suicídio, porque eu era muito depressiva e a todo instante, essa ideia passava por minha mente.
               "Veja", ela apontou para trás de mim. Eu me virei e vi uma série de imagens tristes, que me fizeram chorar ainda mais, uma mulher chorando abraçada ao corpo de seu bebê morto, um cadeirante, aborrecido, uma garotinha com fome e com frio, um homem sendo perturbado por espíritos obsessores, entre outras coisas. Pensei, me sentindo amarga, que só havia dor nesse mundo.
             "É verdade", a líder das ninfas disse, ao ouvir meu pensamento, "é por isso que Deus envia boas pessoas para cá, para que elas possam trazer um pouco de luz, conforto e esperança a essas pessoas, mas alguns, como você, não tiveram uma vida fácil no passado, e quando alcançaram a luz, se apegaram tanto a ela, que se sentiram prontas para voltarem à Terra e consolarem os aflitos, mas o corpo e o espírito são tão diferentes... Você ainda age como uma mulher fraca e oprimida, que permite que os outros a maltratem, por que? Você é outra, agora, é forte e pode trazer tanta luz a esse mundo, não desista ainda porque o que você veio fazer aqui é tão lindo, e vai salvar tantas vidas". 
                   Eu perguntei a ela, o que eu deveria fazer, e ela respondeu: "Só siga seu coração, não existe sonho impossível". 
                      Eu nunca esqueci esse sonho, e conversei com meu pai, expliquei como me sentia e minha mãe e ele concordaram em me levar até o médico. Passei a tomar antidepressivos e também a frequentar o centro espírita. Me sinto bem melhor agora. Acredito no sobrenatural, mas não pretendo deixar de tomar meu remédio porque acho que uma coisa não tem nada a ver com outra. Quando seu corpo está doente, você toma um remédio para curá-lo, e quando seu espírito está mal, você busca ajuda espiritual. Fiz as duas coisas. Muito obrigada por lerem. Não parem de escrever porque vocês fazem um trabalho lindo, levando luz a quem precisa.©

domingo, 26 de abril de 2020

Ninfas da terra


Napéias




As napéias "vale coberto de bosques", também chamadas auloníadas (vale, barranco) e alseidas ou alsidas (do grego álsos, "bosque sagrado") eram ninfas encontrada nos pastos e vales montanhosos, frequentemente em companhia do deus Pã.
        Alegres e tímidas, viviam em bosques dos vales, barrancos e grutas, enquanto as oréadas habitavam os altos dos montes. Dizia-se que gostavam de pregar sustos em viajantes solitários. A mais famosa das napéias foi Eurídice, a amada pela qual Orfeu se aventurou no Hades.


Clítia


 Clítia era uma ninfa aquática, apaixonada por Apolo, que não lhe correspondia, o que a fez definhar. Ficava durante todo o dia sentada no chão frio, com as tranças desatadas caídas sobre os ombros. Durante nove dias, assim ficou, sem comer nem beber, alimentando-se apenas com as próprias lágrimas e com o gélido orvalho. Contemplava o sol, desde que ele se erguia no nascente até se esconder no poente, depois do seu curso diário; não via outra coisa, seu rosto voltava-se constantemente para ele. Seus pés se enraizaram no chão, seu rosto transformou se numa flor, o girassol que se move constantemente em seu caule, de maneira a estar sempre voltada ao sol, em seu curso diário, conservando assim, o sentimento da ninfa que lhe deu origem.



 Epimélides


As epimélides, mélides, málides ou bucólicas (boukolai, em grego) eram ninfas dos pastos e campinas das montanhas, protetoras de rebanhos de cabras e ovelhas e também guardiãs dos pomares e árvores frutíferas. O nome era derivado das palavras gregas epi- "junto a", "protetora" e mêlon, que significa tanto "ovelha" quanto "pomo" (termo que abrangia a romã, a maçã e o marmelo). O duplo significado da segunda palavra lhe deu seu duplo papel.
       Seu número parece ter incluído oceânidas e oréadas, tanto quanto dos deuses rústicos Hermes, Sileno e Pã. Mesmo as helíades e nereidas como Galatéia e Psâmate assumem, por vezes, o papel de epimélides nos mitos.
      As epimélides citadas na mitologia grega incluem Galatéia, as helíades (enquanto foram pastoras de seus rebanhos na Trinácria, atual Sicília), Nômia (oréade do monte Nômia, na Arcádia), Penelopéia (epimélide do monte Cilene, na Arcádia, que amada por Hermes foi a mãe do deus Pã), Sínoe (epimélide do monte Sínoe, na Arcádia, que amamentou o deus Pã), Psâmate (psâmida que toma a forma de epimélide ao enviar um lobo contra os rebanhos de Peleu) e Sose (ninfa profetisa que, amada por Hermes, teve como filho os Panes).



Heliônomas



As heléadas ou heliônomas (de héleios, "pântano" em grego) são as náiades dos pântanos. Frequentemente, elas confundem os viajantes criando ilusões, geralmente imagens de suas amadas.
Platéia é uma pretensiosa e feia heléada, com traços de batráqui, que Júpiter finge cortejar na ópera cômica homônima de Jean-Philippe Rameau, para lhe ensinar uma lição.

Limônides


As limônides, limoníadas ou limácidas (de leimôn, "prado úmido", em grego - a palavra é cognata do latim limum, "limo") eram as ninfas dos prados e das campinas inundáveis.
     Uma delas é Menta ("Hortelã"), originalmente uma náiade amada por Hades, o deus do submundo. Um dia, a esposa deste, Perséfone, deu com eles ao passear junto ao rio Aqueronte. Furiosa, transformou Menta em uma planta rasteira, facilmente pisada por qualquer um. Em compensação, Hades dotou-a de qualidades aromáticas e medicinais.



Reco

 As Hamadríades sabiam apreciar os serviços que lhes eram prestados tão bem quantos castigar as injúrias. A história de Reco é uma prova disso. Vendo um dia, um carvalho que estava prestes a cair, Reco ordenou aos seus servos que o escorrassem. A ninfa, que estava na iminência de morrer com a árvore, apareceu a Reco, exprimindo sua gratidão por ele ter lhe salvo a vida e pedindo-lhe para dizer que recompensa desejava. Ousadamente, Reco pediu seu amor, e a ninfa cursou-se ao desejo. Ao mesmo tempo, aconselhou-o a ser fiel e disse-lhe que lhe enviaria uma abelha como mensageira, sempre que o admitisse em sua companhia. Certa vez, a abelha foi procurar Reco quando este estava jogando dados e, descuidadamente, ele afugentou o inseto. A ninfa irritou-se tanto que nunca mais permitiu que ele a visse.

Psâmidas


As psâmidas (de psámmos, "areia" em grego) são nereidas das areias, que protegem as praias e os lugares arenosos.
      O mito mais conhecido é o de Psâmate ("A Arenosa"), nereida que, unida a Éaco, foi mãe de Foco. Como a princípio não quisesse submeter-se aos desejos de seu enamorado, transformou-se, como costumam fazer as divindades marinhas, em vários seres. Sua última transformação foi em foca, mas nada impediu que Éaco dela se apoderasse.
      Como os dois filhos do primeiro matrimônio de Éaco, Télamon e Peleu, por inveja de Foco, que os excedia nas disputas atléticas, o tivessem assassinado, Psâmate enviou um lobo monstruoso contra seus rebanhos. Mais tarde, a nereida abandonou Éaco e se casou com Proteu, rei do Egito.
        Outra ninfa das praias é Actéia (Aktaia, em grego, Actaea em latim e inglês, de aktê, "margem", "escarpa", "promontório"), ninfa da costa marítima.
 

Ninfas Sombrias



As ninfas sombrias podem chamar a atenção pela sua aparência assustadora ou por seu comportamento malévolo e lascivo. Geralmente, seduzem os homens para enlouquecê-los ou matá-los afogados. Podem raptar crianças como as Rusalkas fazem. Outras, como as Topielec, não fazem distinção entre homens e mulheres e levam qualquer um que se aproximar de suas águas. No caso das Topialec, a pessoa que morre afogada se junta a eles, já que Topielec também seriam espíritos de pessoas que morreram afogadas.
           No entanto, nem todas fazem mal aos humanos, agindo mais como guardiãs de um lugar ou objeto, o qual foram designadas a protegerem. Perturbá-las não é uma boa ideia, a menos que deseje se juntar a elas para sempre.

Lâmpades 



As lâmpades ou lâmpadas (lampádes, derivados de lampás, "archote" em grego) são as ninfas do submundo, chamadas em latim de nymphae avernales.
       Companheiras da deusa Hécate, foram presenteadas por Zeus como recompensa pela lealdade de Hécate na Titanomaquia. Elas carregam archotes e acompanham Hécate nas suas viagens e aparições noturnas. Alguns diziam que seus archotes tinham o poder de levar uma pessoa à loucura. Eram associadas às celebrantes de Eleusis que carregavam tochas durante os ritos noturnos dos mistérios de Deméter e Perséfone.



Mavkas


  Do folclore eslavo, Mavkas são ninfas sombrias das águas. Acreditava-se que moças virgens que morriam afogadas ou meninas que morriam sem antes serem batizadas transformavam-se em Mavkas.
        Estas criaturas são descritas como lindas e sedutoras quando  vistas de frente, mas sua visão das costas é tenebrosa, não há pele ou músculos lá, suas vísceras e outros órgãos internos estão expostos, por isso seus cabelos são enormes, capazes de cobrir suas costas. Elas não possuem sombra nem reflexo.
        Elas costumam atrair crianças, moças e rapazes ou para suas águas onde os afoga, ou para dentro da floresta onde costuma lhe fazer cócegas até que a pessoa morra, talvez, venha daí a famosa expressão, "morrer de rir"; também podem arrancar a cabeça da pessoa. No entanto, há uma maneira de escapar com vida dessas ninfas, acredita-se que se você lhe der um pente, ela pode conceder-lhe um desejo (seja esperto e peça para viver, amiguinho), e se você lhe entregar um pouco de água benta, a liberta de seu fado, e como recompensa, ela também pode conceder-lhe um desejo.
        Antigamente nas aldeias da Ucrânia, as pessoas, quando entravam na floresta, sempre andavam carregando uma imagem da deusa Artêmis, no caso de ver uma Mavka, lhe daria a representação da divindade dizendo: На тобі, мавко, полинь, а мене покинь, que significa “Pegue Ártemis e me deixe em paz”.


Mênades


 As Mênades, também conhecidas como Bacantes, Tíades ou Bassáridas, eram mulheres seguidoras e adoradoras do culto de Dionísio, conhecidas como selvagens e enlouquecidas porque delas não se conseguia um raciocínio claro. Durante o culto dançavam de uma maneira muito livre e lasciva, em total concordância com as forças mais primitivas da natureza.
        Os mistérios que envolviam o deus Dionísio provocavam nelas um estado de êxtase absoluto e elas entregavam-se à desmedida violência, derramamento de sangue, sexo, embriaguez e autoflagelação. Estavam sempre acompanhadas dos sátiros embalados pelos sons dos tamborins dos coribantes, formando uma espécie de trupe que acompanhava o deus do vinho nas suas aventuras. Andavam nuas ou vestidas só com peles, grinaldas de Hera e empunhavam um tirso - um bastão envolto em ramos de videira.
       Por onde passavam iam atuando como chamariz na conversão de outras mulheres atraindo-as para a vida lasciva. Evidentemente que o comportamento livre e desregrado delas causava apreensão, senão pânico nos lugarejos e cidades onde o cortejo báquico passava. Quando assaltadas por um furor qualquer, não conheciam limites ao descarregar a sua cólera. O maior divertimento das Mênades ou Bacantes era submeter os homens ao sofrimento, despedaçando-os antes de comê-los enquanto estavam em transe. Por isso, obrigavam-se a procurar refúgio no alto das montanhas, onde podiam exercer sua estranha liturgia sem a presença de olhares de censura ou reprovação.
         As Mênades estão presentes no mito de Orfeu, que se recusava a olhar para outras mulheres após a morte de sua amada Eurídice. Furiosas por terem sido desprezadas, as Mênades o atacaram atirando dardos. Os dardos de nada valiam contra a sua música mas elas, abafando sua música com gritos, conseguiram atingi-lo e o mataram. Depois despedaçaram seu corpo e jogaram sua cabeça cortada no rio Hebro, que flutuava cantando: "Eurídice! Eurídice!"
         Por sua crueldade, às Mênades não foi concedida a misericórdia da morte. Quando elas bateram os pés na terra em triunfo, sentiram seus dedos entrarem no solo. Quanto mais tentavam tirá-los, mais profundamente eles se enraizavam até que elas se transformaram em silenciosos carvalhos. E assim permaneceram pelos anos, batidas pelos ventos furiosos que antes se emocionavam ao som da lira de Orfeu.
  


 Têmides

 

 As têmides eram ninfas filhas de Zeus e da titânide Têmis, que viviam em uma caverna do rio Erídano: Aerica (o hábito), Lipara (a perseverança) e Astérope (a face brilhante). Personificavam as leis divinas e eram as guardiãs de importantes artefatos dos deuses.


 Askefruer


 Askefruer (“Mulheres-Freixo”) são as Ninfas dos Freixos, dotadas de poderes curativos e mágicos. O freixo é uma árvore sagrada para os povos nórdicos: representa a Árvore do Mundo, Yggdrasil, e é a matéria-prima para a criação de Ask, o primeiro homem. Essas Ninfas aparecem como mulheres peludas, com cabelos de raízes, seios volumosos e vestidas de musgo. Eram celebradas em três de agosto com oferendas de bebida, mel, perfume, flores e frutas.


  Bushfrauen


 Eram as guardiãs das florestas seculares da Europa central, protetoras dos viajantes. Um grupo das Bushfrauen também cuidava das árvores frutíferas, mas somente se fossem devidamente homenageadas e as pessoas tratassem as árvores com amor e respeito. Apareciam como mulheres com o corpo feito de troncos de árvore (às vezes oco nas costas), seios caídos, pele enrugada, cabelos esbranquiçados ou dourados e pés cobertos de musgo. Para se protegerem dos predadores, elas viviam dentro do tronco das árvores velhas, mas podiam revelar o segredo das ervas curativas para aqueles que as honrassem e presenteassem. Sua rainha era Bushgrossmutter (“A Avó dos Arbustos”), que era um elfo feminino com cabelos brancos e pés de musgo. Antigamente, no dia treze de janeiro, elas recebiam oferendas de sidra, maçãs assadas com mel e especiarias, fitas coloridas e moedas.


Topielec



Topielec (plural Topielce), Vodník ou Utopiec é um nome aplicado à espíritos eslavos da água. O topielce são espíritos de almas humanas que morreram se afogando, residindo no elemento de seu próprio falecimento. São responsáveis por sugar pessoas para dentro de pântanos e lagos tão bem quanto matar os animais de pé próximos a águas paradas.


Rusalkas



 As Rusalkas são perigosas entidades feminas da água no folclore russo, geralmente consideradas espíritos de jovens afogadas. A palavra "Rusalka", segundo o lingüista germano-russo Max Vasmer, referia-se originalmente às danças de roda das jovens nas festas de Pentecostes ( mais conhecida no Brasil, como festa do Divino Espírito Santo) e deriva, através do latim "rosalia" (Festa das rosas), nome dado a essa celebração pelos romanos antes de ser assimilada pelos Pentecostes cristãos, hoje comemorado 50 dias após a páscoa.
       Durante os meses de inverno, as Rusalkas vivem no fundo da água, sob o gelo. No verão, principalmente na chamada Semana das Rusalkas ( Rusal'naia, no início de junho), podem deixar a água e subir às árvores das florestas vizinhas, tornando-se um perigo para os homens que se aventuram nas suas proximidades. Trepam aos galhos de salgueiro ou vidoeiro que pendem sobre a água e à noite, quando o luar ilumina a floresta, descem das árvores e dançam nas clareiras. Às vezes, vão às fazendas para dançar. Os russos dizem que o lugar onde elas dançam podem ser encontrados procurando-se por pontos onde a grama cresce mais espessa e o trigo mais abundante. Estes círculos são chamados Korovodyi, em russo, ou korowody, em polonês. Até os anos 1930, o enterro ou banimento ritual das Rusalkas no final da Rusal'naia permaneceu como um entretenimento comum.
        No norte da Rússia, as Rusalkas tem a aparência de mulheres afogadas nuas, cadavéricas, com olhos que brilham com um maligno fogo verde, ou então brancos, sem pupilas. Ficam na água ou perto dela, à espera de viajantes descuidados. Arrastam as vítimas para a água, onde as aterrorizam e torturam antes de matá-la.
      No sul da Rússia, aparecem como belas jovens em roupas leves, com rostos como o luar. Atraem suas vítimas cantando docemente nas margens dos rios, enquanto trançam seus longos cabelos. Quando a vítima entra na água para encontrá-la, a rusalka a afoga.
      Além disso, as Rusalkas podem arruinar as colheitas com chuvas torrenciais, rasgar redes de pesca, destruir represas e moinhos d' água e roubar roupas, linho e fios das mulheres humanas.  Entretanto, os viajantes podem proteger-se ao passar perto da água se levarem algumas folhas de losna (artemisia absinthium). Espargir losna em qualquer coisa que uma rusalka possa querer roubar ou destruir também  as mantêm à distância. Se elas se tornarem particularmente preocupantes em uma região, grandes quantidades de losna devem ser espargidas no rio ou lago.

Ninfas da águas

Hilas e as Ninfas, de John William Waterhouse (1896)

Crinéias


As crinéias (crinaeae, em latim e inglês) eram náiades associadas às fontes.
    Uma das mais conhecidas foi Aganipe, filha do Deus-rio Termesso. Sua fonte ficava na Beócia, perto de Téspias às pés do monte Helicon. Foi criada pelos cascos de Pégaso, estava associada às Musas como fonte de inspiração poética.
     Outra crinéia famosa foi Salmácis, da fonte do mesmo nome, próxima de Halicarnasso. Ao ver Hermafrodito, filho de Hermes e Afrodite, apaixonou-se por ele, que a repelia. Ela fingiu conformar-se, mas escondeu-se no bosque.
     Quando Hermafrodito se despiu e se lançou nas águas da fonte, Salmácis agarrou-o, cobriu-o de beijos e, "como a hera que se enrosca no tronco das grandes árvores", o enlaçou tão fortemente que lhe tirou qualquer possibilidade de resistência.
     Salmácis pediu aos deuses que jamais a separassem de Hermarfodito e os imortais a atenderam. Os dois corpos fundiram-se num só e assim surgiu um novo ser, de dupla natureza.
      Percebendo que, ao descer às águas, se tornara semimarem, metade macho, metade fêmea, tendo seus membros perdido todo o vigor, com a voz sem o antigo timbre viril, Hermafrodito pediu a seus pais que todo aquele que se banhasse na Fonte de Salmácis se tornasse semivir, "homem pela metade", isto é, "perdesse o vigor", mollescat, convertendo-se em impotente, e também foi atendido.


 Náiades


 As náiades ou Efidríades são as ninfas das águas doces. Seu primeiro nome provém do verbo grego nân "escorrer", "correr".
       Normalmente, as nascentes e cursos d' água possuem uma só, mas por vezes, são muitas e, nesse caso, todas se consideram irmãs e com os mesmos direitos.
  Homero, na Ilíada, dá-lhes como pai a Zeus, mas outros consideram-nas filhas de Oceano ou do deus-rio onde residem. As filhas do deus-rio Asopo, por exemplo, são náiades.
       Toda fonte ou curso d' água possui uma delas como protetora, com um mito próprio. É o caso, entre outros, de Aretusa, que fazia parte do cortejo de Ártemis. Após uma caçada, a ninfa banhava-se nas águas de uma fonte, quando o deus-rio Alfeu, repelido por Ártemis, tentou conquistá-la. Aretusa fugiu, mas o deus-rio continuou a persegui-la e ela apelou para a deusa, que a envolveu numa nuvem e a transformou em fonte. Para evitar que as águas de Alfeu se misturassem às de Aretusa, a Mãe Terra se entreabriu para que as águas da fonte, ali penetrando, pudessem evitar o encontro indesejável. Orientada por Ártemis em seu percurso subterrâneo, Aretusa chegou a Siracusa e instalou-se na ilha de Ortígia, consagrada a Ártemis. Daí haverem duas fontes com esse mesmo nome, uma na Elída, outra na Sicília.
         Certas águas tinham a reputação de milagrosas, graças às suas ninfas. Banhar-se nelas, porém, se não fosse por ordem expressa de um deus, era um sacrilégio que podia causar doenças incuráveis ou a morte. Outro risco em violar a sacralidade das águas habitadas pelas náiades era "ser tomado pelas ninfas" e enlouquecer. Quem as visse, tornava-se nympholeptos, isto é, possuído pelas ninfas, entrando em delírio. Os latinos chamavam esse estado de lymphaticus, referindo-se às  próprias divindades nativas da água, as ninfas (Lymphae, lumpae ou limpae).




 Limneidas


 As limneidas, limnades ou limnátidas (do grego limnê, "água parada", "tanque", "lago", "piscina") eram náiades que viviam em lagos, lagoas e pântanos.



 Néfelas


As néfelas são as ninfas oceânidas das nuvens e da chuva que se erguem do rio Oceano, que circunda a Terra, trazendo água ao céu em jarros nebulosos. Com suas chuvas, as néfelas nutrem a terra e alimentam as correntes de seus irmãos, os deuses-rios.
      As néfelas eram representadas pelos gregos antigos como belas jovens derramando água de jarros, como suas irmãs, as náiades das fontes ou pegéias, ou como mulheres esvoaçando pelo céu com vestes ondulantes.


 Camenas


 Por este nome os latinos chamavam as Musas, mas incluindo, também, outras divindades, principalmente ninfas dos montes Egéria era uma delas, e sua fonte e sua gruta ainda são mostradas até hoje. Conta-se que Numa, segundo o rei de Roma, era favorecido por essa ninfa com encontros secretos, durante os quais ela lhe dava lições de sabedoria e direito, que foram concretizados nas instituições da jovem nação. Depois da morte de Numa, a ninfa definhou de pesar e transformou-se em uma fonte.



 Halíades 

  As halíades (de hals, "sal" ou "água salgada" em grego) são as ninfas do mar. Originalmente, eram tidas como tais apenas as nereidas (incluindo as psâmidas). Mais tarde, também as oceânidas, originalmente vistas como ninfas da água doce, foram contadas entre as halíades: Galene, Hália Cimopolia Kaphira, Theosa, Anfiroe, Limenia.


Mavkas


   Do folclore eslavo, Mavkas são ninfas sombrias das águas. Acreditava-se que moças virgens que morriam afogadas ou meninas que morriam sem antes serem batizadas transformavam-se em Mavkas.
        Estas criaturas são descritas como lindas e sedutoras quando  vistas de frente, mas sua visão das costas é tenebrosa, não há pele ou músculos lá, suas vísceras e outros órgãos internos estão expostos, por isso seus cabelos são enormes, capazes de cobrir suas costas. Elas não possuem sombra nem reflexo.
        Elas costumam atrair crianças, moças e rapazes ou para suas águas onde os afoga, ou para dentro da floresta onde costuma lhe fazer cócegas até que a pessoa morra, talvez, venha daí a famosa expressão, "morrer de rir"; também podem arrancar a cabeça da pessoa. No entanto, há uma maneira de escapar com vida dessas ninfas, acredita-se que se você lhe der um pente, ela pode conceder-lhe um desejo (seja esperto e peça para viver, amiguinho), e se você lhe entregar um pouco de água benta, a liberta de seu fado, e como recompensa, ela também pode conceder-lhe um desejo.
        Antigamente nas aldeias da Ucrânia, as pessoas, quando entravam na floresta, sempre andavam carregando uma imagem da deusa Artêmis, no caso de ver uma Mavka, lhe daria a representação da divindade dizendo: На тобі, мавко, полинь, а мене покинь, que significa “Pegue Ártemis e me deixe em paz”.

sexta-feira, 13 de março de 2020

Curupira

Imagem de www.todamateria.com.br
O curupira é descrito como um anão, de cabelos vermelhos, pele verde, e pés voltados para trás e calcanhares voltados para frente. Protetor da floresta e dos animais. Persegue caçadores e, às vezes, pessoas comuns apenas por diversão. Atrai suas vítimas, gritando de forma estridente, assobiando ou apenas imitando a voz humana e as chamando. Quem quer que o siga, acaba se perdendo, e após ser tomado por um pavor súbito, se tiver o azar de dar de cara com este ser, pode levar uma surra violenta.
         Para aplacar a fúria do curupira, os índios costumavam deixar algumas oferendas para ele como penas de aves e flechas. No entanto, o que o curupira realmente aprecia é fumo e pinga. Seringueiros e roceiros deixam esses presentes nas trilhas que atravessam, de modo a agradá-los ou pelo menos distraí-lo. Para fugir dele, caso ele te encontre no meio da floresta, é necessário realizar um nó em um pedaço de cipó. 
        O curupira é um habitante nato das florestas, então, para encontrá-lo, é necessário adentrar na mata densa. Sendo assim, esse ser evita estar nos locais com grande presença humana, somente indo atrás de humanos quando eles entram na floresta para caçar ou derrubar árvores.
        




sexta-feira, 6 de março de 2020

Caipora

Imagem de www.todamateria.com.br
Caipora tem origem da palavra tupi-guarani “caapora” que quer dizer “habitante do mato”. É descrita como uma índia anã, com orelhas pontudas e cabelos vermelhos. Em variações de sua lenda, é um ser masculino, com pelos verdes no corpo e pés voltados para trás. 
       Protetora dos animais e da floresta, pode confundir os caçadores e cães de caça, imitando sons dos animais e os atraindo, de forma a fazê-los se perderem. Também pode espancá-los e até matá-los. Se, no entanto, receber alguma oferenda, pode permitir que os caçadores cacem em sua mata, contanto que eles não perturbem as fêmeas que estiverem prenha ou não maltratem os animais, caso contrário, ela desconsidera as oferendas e os ataca da mesma forma. 
           Nos dias santos e às quintas-feiras, acredita-se que a força da caipora, aumente, quando ela se torna mais perigosa. 
           Os índios acreditavam que Caipora temesse a claridade, por isso protegiam-se dele andando com tições acesos durante a noite. Caipora é considerado em algumas partes do Brasil como canibal, ou seja dizem que come quem vê caçando, até mesmo um pequenino inseto.
      Pode-se atraí-la, assobiando, e para apaziguar ela, basta lhe oferecer fumo. Assim, reza o costume que, antes de sair numa noite de quinta-feira para caçar no mato, deve-se deixar fumo de corda no tronco de uma árvore e dizer: "Toma, Caipora, deixa eu ir embora".


Giovanna Lynn:

Adepta da Magia Natural, sou eclética como bruxa e faço de tudo um pouco. Livros e música são meu mundo.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Um guia rápido para atrair as Ninfas

Imagem de Free-Photos por Pixabay
Para quem deseja atrair as guardiãs das árvores e plantas, esse guia rápido e prático pode ajudar.
Feitiços e rituais com ninfas podem ser realizados para atrair amor, sorte, autoaceitação, beleza e leveza, além de reciclar nossa energia, proteger animais de estimação, e harmonizar o ambiente. Procure realizá-los sempre ao ar livre, próximo às árvores, flores, plantas, lagos ou fontes. Sempre tenha muito respeito pelas ninfas, não arrancando flores ou folhas de seus galhos sem permissão.


Os melhores horários para atrair as Ninfas são:


- Ao meio dia (hamadríades)
- Ao anoitecer (ninfas das águas)
- Lua Cheia e Nova são as melhores

Oferendas:


- Moedas douradas (podem ser jogadas em "fontes dos desejos" ou simplesmente enterradas ao pé de uma árvore ou em um vaso de planta).
- Água fresca
- Guirlandas de flores (que podem ser penduradas nas árvores para agradá-las ou na porta de entrada da casa para atraí-las).
- Sino dos ventos (pendurá-lo na árvore, agradará as ninfas e, também as fadas)
- Incensos de flores
- Flores (pode jogar uma em um rio como oferenda ou as pétalas de uma flor em uma fonte)
- Velas (verdes para Hamadríades, e Azuis para as Ninfas das Águas)
- Imagens e estatuetas (ou bibelôs) de ninfas ou mulheres com coroas de flores em suas cabeças 
- Fitas coloridas de cetim (que podem ser amarradas nos galhos e conter desejos resumidos em uma única palavra)
- Maçãs (podem ser amarradas nas fitas)
- Bijuterias
- Pequenos espelhos


Onde encontrá-las



Nas árvores, especialmente as antigas que abrigam Hamadríades mais fortes e sábias; nas fontes, lagos, e rios, além de grutas. Algumas ninfas também podem ser encontradas em pântanos e sua aparência pode ser um pouco assustadora. Acredita-se que elas também possam habitar a madeira de suas árvores que forem transformadas em bonecos ou varinhas e bastões (é apenas uma teoria, e acredito que seria em último caso, se a ninfa conseguisse sobreviver ao ter sua árvore cortada, o que é raro, pois, geralmente, elas morrem se não encontrarem outra árvore ou planta próxima para se abrigarem).
          Galhos e folhas podem conter um pouco da magia delas, por isso, se alguma folha, trazida pelo vento, cair em você, guarde-a (pode colocá-la dentro de um livro ou na fronha do seu travesseiro), e se algum galho caído lhe chamar a atenção, não hesite em coletá-lo, pois, pode ser útil para se comunicar com a ninfa daquela árvore (mesmo à distância), basta segurá-lo, visualizar a árvore e estabelecer a comunicação. Não se assuste se alguma mulher lhe vier à mente, é a ninfa, e ela pode lhe dar algum conselho ou só falar com você. Pegar uma muda da planta da qual você estabeleceu contato com elas é recomendável. A energia das ninfas, quase sempre é sutil, mas inconfundível. Você saberá quando tiver estabelecido o contato com uma. ©





quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Kiyohime, a mulher serpente

Kiyohime, ou simplesmente Kiyo, é uma personagem do folclore japonês, que, por não ter tido seu amor correspondido, se transformou num monstro, com o corpo sendo metade mulher metade serpente. O conto japonês Anchin e Kiyohime inspirou gerações de poetas, e é uma das histórias mais encenadas no Japão. O que a Lenda ensina é que, ao se transformar em um demônio-serpente, Kiyohime separa o ódio de um amor não correspondido.
         A Lenda de Anchin e Kiyohime apresenta Kiyohime como uma donzela que se apaixonou por Anchin, que é um monge budista irmão do imperador Suzyaku. Quando ela foi confessar seu amor, este não foi retribuído. Tentando escapar de seus avanços, Anchin pede ao sacerdote de um santuário Kumano para ajuda-lo. O sacerdote então prende Kiyohime em uma armadilha kana-shibari, dando tempo ao monge para fugir. Para escapar da amante, o monge refugiou-se no templo Dōjōji - um templo budista na província de Kishu, hoje Wakayama. Kiyohime, então, acaba enlouquecendo e sua fúria a transforma num terrível e vingativo monstro, com o corpo sendo metade mulher metade serpente.
        Para esconder Anchin, os monges do templo, abaixaram um enorme e pesado sino, ocultando Anchin em seu interior.
      Chegando no templo Dōjōji, a serpente subiu a escadaria e encontrou o sino. Anchin rezava desesperadamente. Enfurecida, ela se enrolou no grande sino, jorrando chamas de sua enorme boca como um dragão serpente, e matando Anchin.
     Os monges de Dōjōji fizeram o enterro do jovem Anchin. Após a tragédia, encomendaram a fundição de um novo sino e determinaram que nenhuma mulher poderia se aproximar novamente de sua plataforma.
     O tempo passou, e o novo sino chegou ao Templo Dōjōji. Foi preparada uma grande festa para instalação do sino com a participação da comunidade local, porém a cerimônia de entronização estava proibida para mulheres. Entretanto, durante a cerimônia, uma encantadora jovem finamente vestida aproximou-se, e se atirou-se tocando o sino e, para espanto de todos reunidos, desapareceu sem deixar vestígios, como se engolida pelo gongo.
        A partir desse acontecimento, o sino ao ser tocado, não soava como os sinos dos templos, mas gemia como uma voz terrível. E cada vez que ele tocava, desastres aconteciam. Até finalmente, por não mais suportarem, o sino foi levado para baixo, e enterrado.
           Ele permaneceu enterrado durante 200 anos, até que Toyotomi Hideyoshi ordenou que fosse cavado e levado para o santuário Myomanji, onde as cinzas de “Sakyamuni Buddha” foram consagradas pelo Imperador Asoka. E lá, dizem que o som da “Sutra de Lótus” incessantemente entoada pelos monges do templo, finalmente trouxe o descanso para as almas atormentadas de Kiyohime e Anchin.
           Com o tempo, o som do sino adquiriu uma beleza irresistível, tingida com sabedoria e consciência de dukkha (o sofrimento necessário à mudança).
          Ainda hoje, o sino permanece em Myomanji, como um tesouro do templo, junto com as cinzas sagradas de Sakyamuni.
          Dizem que, muito tempo depois, Anchin e Kiyohime apareceram abraçados e felizes em sonhos dos monges do Templo Dodoji, eles finalmente encontraram seu destino nos caminhos da Sutra de Lótus.


quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Comadre Fulozinha

Comadre Fulozinha é uma criatura do folclore brasileiro. Seu nome deriva provavelmente da pronúncia regional de "Comadre Florzinha" ou "Comadre Fulozinha" e ela é muitas vezes confundida com a Caipora, sendo ambas consideradas uma variação da mesma lenda. Em alguns lugares, acredita-se que ambas sejam o mesmo ser.
             A Comadre pode assustar quem esteja andando a cavalo na mata sem lhe deixar uma oferenda. Ela amarra o rabo e a crina do animal de tal forma que ninguém consegue desatar os nós. A ela também são atribuídos "causos" semelhantes contados pelos anciãos das regiões rurais, onde os rabos dos cavalos no estábulo amanhecem amarrados da mesma maneira. Em algumas regiões também é conhecida como uma entidade que protege a floresta,  daí sua semelhança com a Caipora. Segundo alguns, no entanto, ela não gosta de ser confundida com esta, dando em quem as confunde uma surra com urtiga, uma planta que causa muita coceira, ou com seus longos cabelos. Até hoje são comuns relatos de pessoas que presenciam suas aparições nas zonas de floresta.
           No culto da Jurema na Paraíba ela é considerada uma entidade divina e tem caráter ambíguo, agindo para o mal e para o bem.
          Segundo a lenda, Comadre Fulozinha é o espírito de uma cabocla de longos cabelos negros, que lhe cobrem todo o corpo. Ágil, vive na mata defendendo animais e plantas contra as investidas dos destruidores da natureza. Gosta de receber presentes, principalmente papa de aveia, confeitos, fumo e mel. Quando agradada, logo faz que a caça apareça para quem lhe ofereceu o agrado e permite que este consiga sair da mata, alguns idosos afirmam conversar com ela.
          Tem personalidade zombeteira, algumas vezes malvada, outras vezes prestimosa. Diz-se que corta violentamente com seu cabelo aqueles que a mata adentram sem levar uma quantidade de fumo como oferenda e também lhes enrola a língua. Furtiva, seu assovio se torna mais baixo quanto mais próxima ela estiver, parecendo estar distante. Ela também gosta de fazer tranças e nós na crina e no rabo dos cavalos. Somente ela os consegue desfazer, se for agradada com fumo e mel.
       Outros contam que a Comadre Fulozinha era uma criança que se perdeu na mata quando ainda era pequena e morreu procurando o caminho de volta para casa. Seu espírito passou a vagar pela floresta em busca do caminho de volta.







terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Boitatá

Foram encontrados relatos do Boitatá em cartas do padre jesuíta José de Anchieta, em 1560, como uma lenda indígena que descreve uma cobra de fogo de olhos enormes ou flamejantes.
       Para os índios ele é "Mbaê-Tata", ou Coisa de Fogo, e mora no fundo dos rios. A narrativa varia muito de região para região. Único sobrevivente de um grande dilúvio que cobriu a terra, o Boitatá escapou entrando num buraco e lá ficando, no escuro, motivo pelo qual seus olhos cresceram.
        Outros dizem que é a alma de um malvado, que vai incendiando o mato à medida que passa. Por outro lado, em certos locais ele protege a floresta dos incêndios. Algumas vezes persegue os viajantes noturnos, ou é visto como um facho cintilante de fogo correndo de um lado para outro da mata. Tem vários outros nomes: Cumadre Fulôzinha, Baitatá, Batatá, Bitatá, Batatão e Biatatá.
         O Boitatá pode ser uma explicação mágica para o fogo-fátuo. A versão que predominou foi a do Rio Grande do Sul. Nessa Região, reza a Lenda que houve um período de noite sem fim nas Matas. Além da escuridão, houve uma enorme enchente causada por chuvas torrenciais. Assustados, os animais correram para um ponto mais elevado a fim de se protegerem. A Boiguaçu, uma Cobra que vivia numa gruta escura, acorda com a inundação e, faminta, decide sair em busca de alimento, com a vantagem de ser o único bicho acostumado a enxergar na escuridão. Decide comer a parte que mais lhe apetecia, os olhos dos animais e de tanto comê-los vai ficando toda luminosa, cheia de luz de todos esses olhos. O seu corpo transforma-se em ajuntadas pupilas rutilantes, bola de chamas, clarão vivo, Boitatá, Cobra de fogo. Ao mesmo tempo a alimentação farta deixa a Boiguaçu muito fraca. Ela morre e reaparece nas Matas serpenteando luminosa. Quem encontra esse ser fantástico nas campinas pode ficar cego, morrer e até enlouquecer. Assim, para evitar o desastre os Homens acreditam que têm que ficar parados, sem respirar e de olhos bem fechados. A tentativa de escapar da Cobra apresenta riscos porque o ente pode imaginar que a fuga é de alguém que ateou fogo nas Matas. No Rio Grande do Sul, acredita-se que o "Boitatá" é o protetor das Matas e das campinas. A verdade é que a ideia de uma cobra luminosa, protetora de campinas e dos campos aparece frequentemente na Literatura, sobretudo nas narrativas do Rio Grande do Sul.








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