domingo, 3 de março de 2019

Apsaras

As apsaras (do sânscrito apsarah, singular apsarah; interpretado como "essência das águas", "movendo-se nas águas", ou "movendo-se entre as águas") são divindades celestiais femininas da mitologia indiana, aproximadamente equivalente às ninfas da mitologia grega. Vivem no Svarga, o paraíso de Indra. São as amantes dos gandarvas e as dançarinas dos deuses. Originalmente, podem ter simbolizado as nuvens ou as brumas arrastadas pelo sol. Sua líder era Ursavi, que se tornou amante do rei Pururavas.
         As apsaras podem assumir qualquer forma à vontade e frequentemente aparecem como pássaros aquáticos. Os guerreiros que morrem em batalha são conduzidos por elas, em carros coloridos e brilhantes, ao paraíso de Indra - um papel semelhante ao das valquírias na mitologia nórdica.
       A ancestralidade dessas entidades varia conforme as versões. Elas e os gandarvas saíram do corpo desmembrado de Prajapati, ou nasceram do Batimento do Oceano depois do surgimento da parijata (Erythrina indica, também conhecida como "brasileiro Ho", pelas folhas verde-amarelas), sua árvore favorita e que atende desejos. Ou ainda, brotaram de Bhasi, a "mãe das aves", ou de Vac.


Os deuses frequentemente enviam apsaras para seduzir rishis e ascetas e as apsaras eram então, acusadas de causar a loucura. Suas outras características são a promiscuidade, falta de sentimentos maternais e o abandono de seus filhos terrenos quando desejam retornar a sua morada celestial.
       O atharva veda inclui um feitiço para ser usado contra inimigos sobrenaturais, particularmente apsaras, cujos nomes, representam certos odores. Entre estas estão Guggulu (bdelio), Nalardi (Nardo), Pramandani (uma planta de aroma picante) e Auksagandhi (com cheiro de boi). Mas o aroma da terra-mãe, do qual apsaras e gandarvas compartilham, era bem considerado.
        Tanto os gandarvas quanto as apsaras "ficam" em árvores das floresta, ou moram nelas, especialmente nas figueiras nyagrodha (ficus indica), ashvatta (ficus religiosa, a figueira sagrada), e udumbara (ficus glomerata), nas quais pode-se ouvir o som de seus cimbalos e alaúdes. Elas são procuradas para dispensar seus favores e procissões de casamento e trazer sorte em jogos de dados.
        O budismo popular adotou as apsaras e o Mahavastu diz que elas usam colares de flores e muitas joias. São descritas, também, em vários dos contos Jataka como "de pés de pomba" (Kakuta padiniyo) e serviçais de Sakka, isto é, Indra.
        O Satapatha Brahmana diz que Varuna é servido por Gandarvas e Soma por Apsaras. As últimas são estreitamente associadas com as águas e a fertilidade e foram mais significativas na literatura mais antiga do que na posterior.



Gandarvas

O Atharva Veda descreve os Gandarvas (do sânscrito gandharva) como seres peludos, meio animais, associados à água, mas com um forte cheiro de terra. Às vezes, são representados com a metade superior do corpo humano, e a metade inferior de ave, e com asas nas costas. Outras vezes, como homens belos, ainda que afeminados.
       No Mahabharata, diz que os gandarvas são os músicos e as apsaras as dançarinas dos deuses. São, coletivamente, vistos como seres radiantes que cantam docemente nas montanhas, mas podem ser perigosos, principalmente no crepúsculo, quando — junto com os yakshas e rakshasas — perambulam pela floresta e assombram as lagoas. Mas grandes poderes de cura também lhe são atribuídos, bem como a capacidade de causar insanidade.
        Quando Varuna, seu senhor, tornou-se impotente, eles restauraram sua virilidade com um afrodisíaco.
        Em uma seção do Agni Purana sobre o cuidado de cavalos, o cavalo, em uma encarnação anterior, é dito ser o filho de um chefe gandarva.
        No folclore budista, os gandarvas são servidores dos devas, que vivem no Reino Caturmaharajika. Tanto no Budismo quanto no Hinduísmo, eles estão relacionados ao casamento, ou antes, com a concepção, como um ser em busca de renascimento.
      A associação hindu dos gandarvas com o casamento e a proteção de virgens pode ter-se originado da proteção de Surya pelo gandarva védico, quando ela estava para se tornar noiva do sol. Diz-se que eles amam as mulheres e estão sempre a pensar nelas. Entre os vários tipos de casamentos a que o código de Manu se refere está o "casamento gandarva", que não depende de consentimento dos pais, mas apenas de acordo e afeição mútua.
       Os gandarvas e as apsaras podem, também, causar loucura; oferendas propiciatórias devem, portanto, ser feitas a eles. Os cavacos para o fogo sacrificial devem de madeira de nyagrodha (ficus indica), udumbara (ficus glomerata), plaksha ou ashvatta (ficus religiosa, a figueira sagrada), pois estas árvores são a morada destes seres. Pode-se proteger deles com amuletos.
        Nos hinos de Rigveda, o gandarva é um indivíduo único, que vive na atmosfera, chamada o gandarva celestial (divya gandharva) e vivavasu. É o guardião do soma celestial, ou seja, a chuva, ou pode representar a própria nuvem de chuva, é descrito como iluminando os dois mundos, céu e terra, que são chamados seus pais. Pode ter sido um Deus tribal indo-ariano ou ter uma origem ainda mais antiga.
     No sacrifício vajapeya, o gandarva é um ser divino que purifica pensamentos. Em outra passagem, Agni é chamado o gandarva, assim como candramas (a lua), prajapati e vayu. Morte, também é chamada de gandarva.

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