domingo, 26 de abril de 2020

Ninfas da águas

Hilas e as Ninfas, de John William Waterhouse (1896)

Crinéias


As crinéias (crinaeae, em latim e inglês) eram náiades associadas às fontes.
    Uma das mais conhecidas foi Aganipe, filha do Deus-rio Termesso. Sua fonte ficava na Beócia, perto de Téspias às pés do monte Helicon. Foi criada pelos cascos de Pégaso, estava associada às Musas como fonte de inspiração poética.
     Outra crinéia famosa foi Salmácis, da fonte do mesmo nome, próxima de Halicarnasso. Ao ver Hermafrodito, filho de Hermes e Afrodite, apaixonou-se por ele, que a repelia. Ela fingiu conformar-se, mas escondeu-se no bosque.
     Quando Hermafrodito se despiu e se lançou nas águas da fonte, Salmácis agarrou-o, cobriu-o de beijos e, "como a hera que se enrosca no tronco das grandes árvores", o enlaçou tão fortemente que lhe tirou qualquer possibilidade de resistência.
     Salmácis pediu aos deuses que jamais a separassem de Hermarfodito e os imortais a atenderam. Os dois corpos fundiram-se num só e assim surgiu um novo ser, de dupla natureza.
      Percebendo que, ao descer às águas, se tornara semimarem, metade macho, metade fêmea, tendo seus membros perdido todo o vigor, com a voz sem o antigo timbre viril, Hermafrodito pediu a seus pais que todo aquele que se banhasse na Fonte de Salmácis se tornasse semivir, "homem pela metade", isto é, "perdesse o vigor", mollescat, convertendo-se em impotente, e também foi atendido.


 Náiades


 As náiades ou Efidríades são as ninfas das águas doces. Seu primeiro nome provém do verbo grego nân "escorrer", "correr".
       Normalmente, as nascentes e cursos d' água possuem uma só, mas por vezes, são muitas e, nesse caso, todas se consideram irmãs e com os mesmos direitos.
  Homero, na Ilíada, dá-lhes como pai a Zeus, mas outros consideram-nas filhas de Oceano ou do deus-rio onde residem. As filhas do deus-rio Asopo, por exemplo, são náiades.
       Toda fonte ou curso d' água possui uma delas como protetora, com um mito próprio. É o caso, entre outros, de Aretusa, que fazia parte do cortejo de Ártemis. Após uma caçada, a ninfa banhava-se nas águas de uma fonte, quando o deus-rio Alfeu, repelido por Ártemis, tentou conquistá-la. Aretusa fugiu, mas o deus-rio continuou a persegui-la e ela apelou para a deusa, que a envolveu numa nuvem e a transformou em fonte. Para evitar que as águas de Alfeu se misturassem às de Aretusa, a Mãe Terra se entreabriu para que as águas da fonte, ali penetrando, pudessem evitar o encontro indesejável. Orientada por Ártemis em seu percurso subterrâneo, Aretusa chegou a Siracusa e instalou-se na ilha de Ortígia, consagrada a Ártemis. Daí haverem duas fontes com esse mesmo nome, uma na Elída, outra na Sicília.
         Certas águas tinham a reputação de milagrosas, graças às suas ninfas. Banhar-se nelas, porém, se não fosse por ordem expressa de um deus, era um sacrilégio que podia causar doenças incuráveis ou a morte. Outro risco em violar a sacralidade das águas habitadas pelas náiades era "ser tomado pelas ninfas" e enlouquecer. Quem as visse, tornava-se nympholeptos, isto é, possuído pelas ninfas, entrando em delírio. Os latinos chamavam esse estado de lymphaticus, referindo-se às  próprias divindades nativas da água, as ninfas (Lymphae, lumpae ou limpae).




 Limneidas


 As limneidas, limnades ou limnátidas (do grego limnê, "água parada", "tanque", "lago", "piscina") eram náiades que viviam em lagos, lagoas e pântanos.



 Néfelas


As néfelas são as ninfas oceânidas das nuvens e da chuva que se erguem do rio Oceano, que circunda a Terra, trazendo água ao céu em jarros nebulosos. Com suas chuvas, as néfelas nutrem a terra e alimentam as correntes de seus irmãos, os deuses-rios.
      As néfelas eram representadas pelos gregos antigos como belas jovens derramando água de jarros, como suas irmãs, as náiades das fontes ou pegéias, ou como mulheres esvoaçando pelo céu com vestes ondulantes.


 Camenas


 Por este nome os latinos chamavam as Musas, mas incluindo, também, outras divindades, principalmente ninfas dos montes Egéria era uma delas, e sua fonte e sua gruta ainda são mostradas até hoje. Conta-se que Numa, segundo o rei de Roma, era favorecido por essa ninfa com encontros secretos, durante os quais ela lhe dava lições de sabedoria e direito, que foram concretizados nas instituições da jovem nação. Depois da morte de Numa, a ninfa definhou de pesar e transformou-se em uma fonte.



 Halíades 

  As halíades (de hals, "sal" ou "água salgada" em grego) são as ninfas do mar. Originalmente, eram tidas como tais apenas as nereidas (incluindo as psâmidas). Mais tarde, também as oceânidas, originalmente vistas como ninfas da água doce, foram contadas entre as halíades: Galene, Hália Cimopolia Kaphira, Theosa, Anfiroe, Limenia.


Mavkas


   Do folclore eslavo, Mavkas são ninfas sombrias das águas. Acreditava-se que moças virgens que morriam afogadas ou meninas que morriam sem antes serem batizadas transformavam-se em Mavkas.
        Estas criaturas são descritas como lindas e sedutoras quando  vistas de frente, mas sua visão das costas é tenebrosa, não há pele ou músculos lá, suas vísceras e outros órgãos internos estão expostos, por isso seus cabelos são enormes, capazes de cobrir suas costas. Elas não possuem sombra nem reflexo.
        Elas costumam atrair crianças, moças e rapazes ou para suas águas onde os afoga, ou para dentro da floresta onde costuma lhe fazer cócegas até que a pessoa morra, talvez, venha daí a famosa expressão, "morrer de rir"; também podem arrancar a cabeça da pessoa. No entanto, há uma maneira de escapar com vida dessas ninfas, acredita-se que se você lhe der um pente, ela pode conceder-lhe um desejo (seja esperto e peça para viver, amiguinho), e se você lhe entregar um pouco de água benta, a liberta de seu fado, e como recompensa, ela também pode conceder-lhe um desejo.
        Antigamente nas aldeias da Ucrânia, as pessoas, quando entravam na floresta, sempre andavam carregando uma imagem da deusa Artêmis, no caso de ver uma Mavka, lhe daria a representação da divindade dizendo: На тобі, мавко, полинь, а мене покинь, que significa “Pegue Ártemis e me deixe em paz”.

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