quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Kiyohime, a mulher serpente

Kiyohime, ou simplesmente Kiyo, é uma personagem do folclore japonês, que, por não ter tido seu amor correspondido, se transformou num monstro, com o corpo sendo metade mulher metade serpente. O conto japonês Anchin e Kiyohime inspirou gerações de poetas, e é uma das histórias mais encenadas no Japão. O que a Lenda ensina é que, ao se transformar em um demônio-serpente, Kiyohime separa o ódio de um amor não correspondido.
         A Lenda de Anchin e Kiyohime apresenta Kiyohime como uma donzela que se apaixonou por Anchin, que é um monge budista irmão do imperador Suzyaku. Quando ela foi confessar seu amor, este não foi retribuído. Tentando escapar de seus avanços, Anchin pede ao sacerdote de um santuário Kumano para ajuda-lo. O sacerdote então prende Kiyohime em uma armadilha kana-shibari, dando tempo ao monge para fugir. Para escapar da amante, o monge refugiou-se no templo Dōjōji - um templo budista na província de Kishu, hoje Wakayama. Kiyohime, então, acaba enlouquecendo e sua fúria a transforma num terrível e vingativo monstro, com o corpo sendo metade mulher metade serpente.
        Para esconder Anchin, os monges do templo, abaixaram um enorme e pesado sino, ocultando Anchin em seu interior.
      Chegando no templo Dōjōji, a serpente subiu a escadaria e encontrou o sino. Anchin rezava desesperadamente. Enfurecida, ela se enrolou no grande sino, jorrando chamas de sua enorme boca como um dragão serpente, e matando Anchin.
     Os monges de Dōjōji fizeram o enterro do jovem Anchin. Após a tragédia, encomendaram a fundição de um novo sino e determinaram que nenhuma mulher poderia se aproximar novamente de sua plataforma.
     O tempo passou, e o novo sino chegou ao Templo Dōjōji. Foi preparada uma grande festa para instalação do sino com a participação da comunidade local, porém a cerimônia de entronização estava proibida para mulheres. Entretanto, durante a cerimônia, uma encantadora jovem finamente vestida aproximou-se, e se atirou-se tocando o sino e, para espanto de todos reunidos, desapareceu sem deixar vestígios, como se engolida pelo gongo.
        A partir desse acontecimento, o sino ao ser tocado, não soava como os sinos dos templos, mas gemia como uma voz terrível. E cada vez que ele tocava, desastres aconteciam. Até finalmente, por não mais suportarem, o sino foi levado para baixo, e enterrado.
           Ele permaneceu enterrado durante 200 anos, até que Toyotomi Hideyoshi ordenou que fosse cavado e levado para o santuário Myomanji, onde as cinzas de “Sakyamuni Buddha” foram consagradas pelo Imperador Asoka. E lá, dizem que o som da “Sutra de Lótus” incessantemente entoada pelos monges do templo, finalmente trouxe o descanso para as almas atormentadas de Kiyohime e Anchin.
           Com o tempo, o som do sino adquiriu uma beleza irresistível, tingida com sabedoria e consciência de dukkha (o sofrimento necessário à mudança).
          Ainda hoje, o sino permanece em Myomanji, como um tesouro do templo, junto com as cinzas sagradas de Sakyamuni.
          Dizem que, muito tempo depois, Anchin e Kiyohime apareceram abraçados e felizes em sonhos dos monges do Templo Dodoji, eles finalmente encontraram seu destino nos caminhos da Sutra de Lótus.


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