terça-feira, 15 de outubro de 2013

Lorelei

     Lorelei, a pequena sereia do Reno, deu o seu nome a uma triste e bela lenda alemã. Tratava-se de uma mulher extraordinariamente bela, que vivia na cidade de Bacharach-sur-le-Rhin. O seu maior prazer era sentar-se num rochedo perto da margem, e pentear o seu longo cabelo louro, contemplando o seu reflexo na água e cantando uma canção cujo refrão dizia:
- Lorelei, Lorelei, Lorelei!
Lorelei era tão bela, que todos os homens se apaixonavam por ela. Todos sucumbiam aos seus encantos e ela não conseguia recusar os seus avanços. Era uma causa permanente de escândalos na pequena cidade, tanto mais que a maioria dos seus amantes, não suportando que ela não lhes desse o seu amor exclusivo, caíam em languidez, e às vezes suicidavam-se. Em breve, a Igreja soube do sucedido, e o Bispo persuadido que Lorelei era uma criatura do demónio, instrui-lhe um processo de feitiçaria. Interrogou-a longamente em tom severo, mas Lorelei respondeu-lhe com tal franqueza e inocência, que o austero Bispo, sentindo-se tocado no fundo do coração, deixou em liberdade a bela feiticeira. Esta todavia, pôs-se a chorar, dizendo:

- Não posso continuar a viver assim! A minha beleza traz a desgraça a todos os homens. Quanto a mim, apenas amei um homem e foi o único que me abandonou.

O Bispo cheio de pena, propôs a Lorelei que fosse para um convento, para se dedicar a Deus. Ela aceitou com o coração oprimido e pôs-se a caminho, acompanhada por três cavaleiros que lhe serviam de escolta. Chegados a uma falésia que dava para o Reno, ela disse-lhes:

- Deixem-me contemplar, uma ultima vez, o Reno, para que possa lembrar-me dele na minha cela.

Escalou o rochedo, e do cimo, viu um barco que vogava no Reno, então gritou: - Olhem este barco! O barqueiro é o homem que amo, o amor da minha vida! E em seguida, atirou-se ao Reno, sem que nenhum dos três cavaleiros a pudesse impedir.
Desde esse dia, cada vez que um barqueiro do Reno, entra no porto, julga ver, Lorelei, transformada em sereia e a chorar, sentada nos rochedos, penteando os seus longos cabelos de ouro.
E ouvem-se ao longe vozes, que dizem: - Lorelei! Lorelei! Lorelei!
São as vozes dos impotentes cavaleiros, que assistiram á morte de Lorelei.

Um poema a Lorelei

Lorei


Fada, querida !Foi verdade ou mentira?
Uma serenata cantada para me atrair - Céus! - não para me cortejar?
Uma mênade, mas, ainda assim, a mais doce menina.
Certamente me desvendastes complacentemente a pureza da vida.
Lorelei,
Uma poeta de tragédias,
Escrevo louvores à morte
Como ouso ?

Lorelei,
Não consegues ver que eu preciso de ti ?
Não consegues ver quão dolorosa é esta perda?
Habilidosamente recitaste a trágica pasquinada
Por todos os anos um deleite tão extraordinário
Causado por todos os olhares perplexos a observarem a confusão
E em meio a tudo isso lhe ofereci meu gentil comprimento:
O pobre idiota que alimentava o fogo
Curvou-se mendicante contra o meu coração medroso.

Lorelei,
Uma poeta de tragédias,
Escrevo louvores à morte
Que ousada ?
Não consegues ver que eu preciso de ti ?
Não consegues ver quão dolorosa é esta perda?
Talvez eu deva a ti esta elegia
Fora contrariada? Então preocupe-se com seu futuro.
Entre o Céu e o Inferno estas tu a incomparável fênix
Te peço, querida! - corteja à mim, não àquele prolixo furioso!

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